"Há um momento em que é preciso abandonar as roupas usadas que já têm a forma do nosso corpo e esquecer os caminhos antigos que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia - e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos." (PESSOA, Fernando)

"Procuro despir-me do que aprendi. Procuro esquecer do modo de lembrar que me ensinaram. E raspar a tinta com que me pintaram os sentidos. Desencaixotar as minhas emoções verdadeiras. Desembrulhar-me e ser eu." (PESSOA, Fernando)

26 de abr. de 2016

Autor desconhecido



"Se alguém 
se sente incomodado 
com minha presença,
é porque conhece meu brilho,
sabe da minha força,
inveja meu caráter
e teme que o mundo
saiba o quanto sou melhor que ele."
(Autor Desconhecido)

Retalhos - MariAne

"Olhei-te com olhos de amor
és apenas humano, eu sei
mas pelo sentimento expresso
deleito admiração, confesso!"
(Mari Ane)

Retalhos - MariAne

"Não é o OUTRO que procuro
Mas sim o desejo que o OUTRO evoca em mim
Sendo as memórias , lembranças de algo vivido noutro tempo
Desejos misto de sensações embaralhadas entre o que foi vivido e sonhos inalcançáveis
As sensações evocadas, já não são oriundas deste OUTRO,
mas sim do OUTRO que idealizei para mim,
de tal lida que este OUTRO que procuro poderia ser o MEU lado escuro...
Que de tanto temer, delego a responsabilidade à outro sem ele mesmo saber."
(Mari Ane)
 
Há anjos e fadas
... e feras ...
dentro de uma só...
(Mari Ane)
 

Cortar o tempo - Drummond



"Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias,
a que se deu o nome de ano,
foi um indivíduo genial.

Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão.

Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos.
Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, 
com outro número e outra vontade de acreditar que daqui pra diante vai ser diferente." 
( Carlos Drummond de Andrade)

O grito

Não sei o que está acontecendo comigo, diz a paciente para o psiquiatra.    Ela sabe
Não sei se gosto mesmo da minha namorada, diz um amigo para outro.  Ele sabe.
Não sei se quero continuar com a vida que tenho, pensamos em silêncio.  Sabemos, sim.
Sabemos tudo o que sentimos porque algo dentro de nós grita. Tentamos abafar esse grito com conversas tolas, elucubrações, esoterismo, leituras dinâmicas, namoros virtuais, mas não importa o método que iremos utilizar para procurar uma verdade que se encaixe em nossos planos: será infrutífero. A verdade já está dentro, a verdade se impõe, fala mais alto que nós, ela grita.

Sabemos se amamos ou não alguém, mesmo que esteja escrito que é um amor que não serve, que nos rejeita, um amor que não vai resultar em nada. Costumamos desviar esse amor para outro amor, um amor aceitável, fácil, sereno. Podemos dar todas as provas ao mundo de que não amamos uma pessoa e amamos outra, mas sabemos, lá dentro, quem é que está no controle.

A verdade grita. Provoca febre, salta aos olhos, desenvolve úlceras. Nosso corpo é a casa da verdade, lá de dentro vêm todas as informações que passarão por uma triagem particular: algumas verdades a gente deixa sair, outras a gente aprisiona e finge esquecer. Mas há uma verdade única : ninguém tem dúvida sobre si mesmo.

Podemos passar anos nos dedicando a um emprego sabendo que ele não nos trará recompensa emocional. Podemos conviver com uma pessoa mesmo sabendo que ela não merece confiança. Fazemos essas escolhas por serem as mais sensatas ou práticas, mas nem sempre elas estão de acordo com os gritos de dentro, aquelas vozes que dizem: vá por este caminho, se preferir, mas você nasceu para o caminho oposto. Até mesmo a felicidade, tão propagada, pode ser uma opção contrária ao que intimamente desejamos. Você cumpre o ritual todinho, faz tudo como o esperado, e é feliz, puxa, como é feliz.

E o grito lá dentro: mas você não queria ser feliz, queria viver!
Eu não sei se teria coragem de jogar tudo para o alto.  Sabe.
Eu não sei por que sou assim.   Sabe.
(Martha Medeiros)
Texto para refletir como estamos vivendo