A praia já esta tomada
pelos banhistas, e as crianças equipadas com pás e baldes cavam buracos na
areia. Observo ao longe uma menina de cabelos claros esvoaçados com a franja
caindo aos olhos, pela estrutura física e desenvoltura acredito ter por volta
de três anos de idade. Seu castelo de areia, ao lado do guarda-sol da família,
vai tomando forma com o auxílio de outras crianças maiores. A dedicação que ela
dá a sua empreitada totalmente focada na construção é admirável. Como se nada
mais existisse ao seu redor, até o momento em que um adulto caminha com passos
fundos ao seu lado. Imediatamente a criança muda o foco de sua atenção, e
põe-se de pé, quase cambaleando.
Seu novo desafio
consiste em explorar as marcas de pegadas deixadas há poucos instantes ao seu
lado. Pés maiores do que o seu, marcam a areia macia. Cuidadosamente a pequena
criança mira acertar seu pé no centro da pegada maior, e emite gritos de
alegria quando o seu objetivo é alcançado. Estaticamente parada, fica a contemplar
o grande feito, preparando-se para seguir a caminhada vincada na areia. Seus
pais ao lado, acreditam na brincadeira e incentivam a atividade, ora segurando
sua frágil mãozinha, outrora emitindo palavras positivas.
Cenas como esta passam despercebidas
no dia a dia comum, mas quando instigadas a sua observância mais profunda
percebe-se a importância no desenvolvimento da criança. A imitação é parte
essencial no formato de aprendizagem que ocorre nesta faixa etária, que além de
desenvolver a coordenação motora, também incide positivamente sobre aspectos
emocionais. As atitudes de incentivo e as palavras reforçadoras dos pais, nesta
pequena brincadeira, são motivadores de confiança e autoconhecimento, fatores
que na vida subseqüente incidem sobre a formação da auto-estima com reflexo nos
comportamentos.
Portanto, quando o
desenvolvimento da criança é percebido como ciclo natural dos seres vivos, possibilita
a evidência dos mais velhos como um modelo a ser imitado pelas crianças, numa
parceria entre o novo e o velho, caracterizando a renovação, e para seus pais, a
perpetuação da própria vida. Facilmente vemos as diferentes gerações sob um
mesmo teto, precisando adequar seus conhecimentos num convívio nem sempre
harmonioso. O contraste de gerações tende a gerar conflitos de relacionamentos
com diversidade de comportamentos, gostos e idéias. A pensar na dedicação da pequena criança a
calçar seu pezinho sobre a pegada maior, dispondo-se a erros e acertos,
buscando os limites das linhas vincadas, a pegada maior age como estimulo para
o novo ser. Onde um não é melhor do que o outro, pois o novo precisa do velho
para sua sobrevivência, e o velho não pode menosprezar o novo na constante
atualização. Assim, novas gerações precisam de estímulos e espaço para criar o
NOVO, e as gerações maduras acreditar neste novo. Há o que guia, paralelamente
enquanto um outro deixa-se guiar. Quando equilibradas, cada geração pode
desempenhar as suas funções de modo construtivo e saudável.
O novo sem descartar o
velho, deste modo penso sobre a despedida de um ano VELHO que constrói o início
de mais um ano NOVO. Ter neste início de ano, a delimitação do aprendizado a
nortear os passos que estão por vir.
VivaBlush
Imagem: minha filha...
Abraços de cor!
4 comentários:
Que essa criança alcance seus sonhos,,,siga sempre essas pegadas de amor...beijos de boa semana pra ti.
Que delicia ser criança, fazer castelos na areia...
Uma boa semana Mari, obrigada pela sua companhia.
beijooo.
Obrigada pela visita Everson.
Das pegadas, somos todos seguidoroes, há sempre alguem a quem nos espelhamos...
Querida Ana (Pelos caminhos da vida), a criança permanece dentro de nós, apenas por vezes a deixamos de castigo no quarto escuro...
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