"Há um momento em que é preciso abandonar as roupas usadas que já têm a forma do nosso corpo e esquecer os caminhos antigos que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia - e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos." (PESSOA, Fernando)

"Procuro despir-me do que aprendi. Procuro esquecer do modo de lembrar que me ensinaram. E raspar a tinta com que me pintaram os sentidos. Desencaixotar as minhas emoções verdadeiras. Desembrulhar-me e ser eu." (PESSOA, Fernando)

7 de mai. de 2012

Não me olhes assim!



"Não me olhes assim! Eu sinto que teu olhar é forte demais para meus olhos desacostumados!
Que a lua que me envias está ofuscando o meu pensamento!
Que a chama que me propagas está consumindo o meu coração!
Não me olhes assim!
Teus olhos mostram-me um caminho que não estava no meu roteiro; apontam-me para uma região cujo mapa eu não conheço; convidam-me para uma festa cujo convite eu não tenho! Não me olhes assim!
Teus olhos me fazem promessas! - Mas tu irás cumpri-las?
Teus lábios vão concordar com as promessas de teus olhos?
Não me olhes assim!
Chega-te mais perto!
Cola os teus lábios nos meus!
Fecha teus olhos divinos!
Não me olhes assim!
(Euclindes Carneiro da Silva)

2 comentários:

Anônimo disse...

Muito bonito.

Rafaela Lobato disse...

Ah maravilhoso, grande Euclides. Ele é o avô de meu marido