Divagações
Apesar de ser considerada
adulta, ainda tenho muito a aprender nesta vida.
Aprendi pelos olhos de uma criança que brincar não é tarefa fácil,
é um treino para fugir dos adestramentos sociais que generalizam o “todo” em
favor de uns poucos. E assim, o rótulo de teimosia fica a mercê de que tem
poder de decisão.
Aprendi que quando uma pessoa lhe cumprimenta e educadamente
lhe pergunta “Como está? Tudo bem?”, na verdade não está interessado em teus
sentimentos, é mera convenção social sem significado próprio, e que, portanto,
educadamente, exige uma resposta positiva, mesmo não sendo verdadeira. Aqui a “Boa
Educação” tem mais valor do que a sinceridade.
Aprendi que o dor interna não é bem vista e socialmente te
exigem de ignorá-la por isto reflito: Quando o Criador deu vida à mulher
cometeu um grande erro. Esqueceu-se de colocar os botões de controle de
sentimento. Seria bem mais fácil viver, apertaria um botão ESQUECE, outro botão
AME. Assim como não há botões... Aprendi na pele: OBEDEÇA, IGNORE TEUS SENTIMENTOS,
ENGOLE O CHORO. Se para não magoar as pessoas, preciso AMAR, ESQUECER, IGNORAR,
volto a ser um boneco manipulável como em minha infância e até pouco tempo. Mas
parece que dói menos. A minha dor pode ser esquecida, o que não posso é causar
dor aos outros. Afinal já conheço este papel: esquecer-me. Preciso acrescentar
mais uma habilidade... Infelizmente aprendi ENXERGAR, preciso voltar a ser CEGA
para o que vejo e o que sinto. Isto tornaria a vida mais leve... Andando feito
uma boneca de cera (intacta por fora, expressando uma felicidade plástica porque
o sentimento real não pode ser manifesto) e sendo boneca de cera, a vida por
dentro precisa ficar contida.
Não é o que acredito... mas às vezes fica difícil lutar pelo que acredito, e em pequenos momentos de fragilidade... eu cedo... até me reerguer novamente.
(em 05.06.2014)
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