Em pontos isolados as águas tomam conta. Em pontos
isolados, faz estrago apenas na parte, não é reconhecido em seu todo, e
portanto, facilmente ignorado. Em vários pontos isolados com o passar do tempo,
se unem, e começam a incomodar. Sobem as águas fazendo gelar a canela,
trincando os ossos, amordaçando o sentimento. Pontos isolados de dor
potencializam o sentimento.
Respingam aqui, outrora acolá pontos que eclodem em
águas tomadas. Reconhecida, nomeia-se agora enchente, catástrofe. A falta de
manutenção preventiva das vias de escoamento, fecham os bueiros. A falta de
cuidado. A boca fechada, garganta dolorida de tanto engolir sem poder vomitar. Refluxo de um fluxo
que deveria ser contínuo, bloqueado em sua naturalidade.
Meio intervém no sujeito, sujeito intervém no meio,
sem saber ao certo qual a ordem do processo. Sujeito mata o meio que sem vida
lhe mata também.
Gotejo ou pancadas de chuva... Que diferença faz,
quando as águas já tomaram conta daquilo que acreditava ser precioso? Desapego
ou descrença. Para quem está de fora, é fácil nominar, teorizar. Para quem
corre, por dentro, navega em tortuosas ondas de mal estar.
Em pontos isolados, tão ignorados, pelo meio ou
pelo próprio sujeito? Em vários pontos isolados as dores se potencializam. Foge
do controle, e o que era irrelevante, faz estragos rasgando por onde passa.
Pontos isolados do que emergem por dentro, unidos a
outros pontos ignorados formam-se mais do que um rio caldoso... Uma tempestade
em copo d’água que afoga.
- MariAne – junho/2014 -
2 comentários:
Encantador texto!
Uma imagem a se colocar indiferente dos sentimentos de quem não se percebe que a união faz os sentimentos enriquecerem.
Fraterno abraço
Nicinha
Grata pela visita e pelas impressões por aqui estampadas!
Abraços Nicinha
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