Uma tela esquecida amarelada pela história da vida,
manchada com borrões mal apagados
de tentativas de acerto resultantes em erros.
Uma tela gasta, desgastada pelo tempo
Em que o branco da paz não lhe cabe
Nem a delicadeza da aquarela consegue
deslizar por sua pele marcada por remendos de feridas mal cobertas
Onde cabe tal tela
Já não pode ser bela
Nem lhe cabe a ingenuidade infantil
O encanto de sonhos... inatingíveis
Que técnica aplicar neste pedaço de vida?
Espalhar a massa com espátula, feito reboco
ou colar lindas gravuras em decoupagem...
escondendo suas cicatrizes falsamente.
Há alegria quando tal tela
falseia a vida
dizendo apenas coisas belas
omitindo o desejo de vida plena dentro de si
Eis a tela em minha vida
Descobrindo que a mim é permitido e esperado suportar a dor
afinal, minha dor não é nada além de bobagens do meu pensamento.
Que devo omitir meus sentimentos, pois quem me rodeia tem o direito de errar, mesmo que este erro, já tenha me matado há muito tempo.
De que sirvo
Tela emoldurada pelos limites das normas
apenas formalidade atendendo aos desejos dos outros
Pois quando exponho um pedacinho de minhas cores
o agito se torna vivente, e meus desejos viram descaso.
O que desejo ser não posso
Devo ser então, aquilo que socialmente esperam de mim...
Assim eles sofrem menos.
(isto é totalmente contra meus conceitos, e se viver assim, terei que deixar de clinicar)
Mariane 12.12.13
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