"Há um momento em que é preciso abandonar as roupas usadas que já têm a forma do nosso corpo e esquecer os caminhos antigos que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia - e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos." (PESSOA, Fernando)

"Procuro despir-me do que aprendi. Procuro esquecer do modo de lembrar que me ensinaram. E raspar a tinta com que me pintaram os sentidos. Desencaixotar as minhas emoções verdadeiras. Desembrulhar-me e ser eu." (PESSOA, Fernando)

26 de dez. de 2012

Ao apagar das luzes


Passaram poucos dias e a beleza das luzes natalinas fazendo parceria com as estrelas, ainda brilha em nossa memória. Assim como a interminável fila para falar com o Papai Noel. O Bom Velhinho foi procurado pelas crianças para fotos, juntamente com promessas e pedidos, das mais variadas formas e valores. E para completar a jornada, a cena que se repete a cada ano: pais delegaram a dolorosa tarefa de convencer a pequena criança de olhos lacrimejantes a lhe entregar seu pertence mais precioso, a chupeta, em troca de futuras recompensas.
E ainda lhe chamam de Bom Velhinho? Será que papai e mamãe fazem idéia da imensidão de emoções e pensamentos que rodeiam a cabeça do seu pequenino neste momento de perda? A autoridade educacional é delegada a um ser estranho, portanto, os pais deixam de ser vilões nesta historia que envolve uma gama de sentimentos como insegurança, dor, tristeza, raiva, mesclados com esperança de algo bom. Esta negociação feita com os pais sob testemunha pode render muitas horas de choro e arrependimento.
Não é novidade o artifício de delegar a um terceiro a tarefa de corrigir o comportamento dos próprios rebentos. Isto ocorre geralmente quando os pais ficam inseguros sobre como agir, o que permitir e como proibir. Eles temem magoar seus pequenos, mas não dão conta das conseqüências dos seus atos. A modelação do comportamento tem enfatizado a punição com perda.  Se não é a entrega da chupeta, é a ameaça de punição “se você não comer tudo o Papai Noel não vai trazer brinquedo X”, “precisa obedecer direitinho porque o Coelho da Páscoa esta vendo tudo”, “o Bicho Papão pega criancinha que não quer dormir”, e assim acrescentaríamos inúmeras ameaças camufladas de mentiras. Numa ânsia de super proteger, pais correm o risco de perder, inclusive a própria autoridade, que deve ser conquistada com confiança e não com autoritarismo.
Quando a verdade vem à tona, e isto acontece muito cedo, a manipulação em prol aos interesses próprios caracterizam-se facilmente como modelo aprendido pela observação. Agindo desta forma, ensinamos precocemente aos nossos filhos a fugir das responsabilidades, pois como pais delegamos para os personagens fictícios a tarefa de educar. E não raro buscamos a compensação da nossa ausência com presentes. Mais uma vez a troca é evidenciada valorizando o TER. É importante lembrar que os personagens fantasiosos têm um papel importante no desenvolvimento criativo da criança, eles complementam a construção do seu mundo imaginário, permitindo testar possibilidades expandindo seu leque de habilidades. Eles servem de coadjuvantes na construção da subjetividade e não devem ser confundidos numa inversão de papéis quanto à autoridade familiar.
Momentos de cumplicidade e paciência demandam tempo e atenção, e rendem registros preciosos na memória dos pequenos e também dos grandes. Duram muito mais do que os papéis de presentes que a esta altura já estão no lixão da cidade. Quisera que agora, passado o ritual natalino, pais e filhos sentissem o prazer de presentear-se com “presentes sem preço” como um toque, o olhar, qualidade de tempo, uma conversa sincera, um sorvete na praça ou aquilo que a imaginação permitir,  temperado com amor e aceitação. Portanto, desafio a reflexão sobre o que acontecerá a mais um apagar das luzes natalinas.

Imagem: autorizada por tintadotinteiro

16 de dez. de 2012

Tranquila Idade



Tão denso é esse sonho e tão leve é a tempestade
Que me confunde o silêncio
Essa voz do pensamento não faz trégua
E eu quero paz nos meus ouvidos

Tão denso dentro eu estou lá fora e tão curta é essa distância
Que já não “curto” a longa estrada
É possível que eu esteja desatento
E nem me vês chegar ou passar por aí

Hoje vejo o amanhã
Aprisionado ao movimento compassado das horas
E livre nessa prisão de ilusões
Vai demorar pra eu ter pressa
E precisar do passado presente
Pra viver sempre (o) agora

Ontem vi o amanhã
Aprisionado ao movimento compassado das horas
E livre nessa prisão de ilusões
Vai demorar pra eu ter pressa
E precisar o passado presente
Ao viver sempre agora

Noutro dia eu acordei e percebi que esse sonho não é meu
Nem seu, de ninguém.

Musica: Tranquila Idade
CD: Filomântico
Letra e Música: Carlos Cidade - cidade@netuno.com.br
Imagens e formatação do vídeo: http://tintadotinteiro.blogspot.com/

21 de nov. de 2012

Hoje


Com carinho o sol abraça o dia
Com calor o dia perpetua a vida
Com fulgor a vida se faz vívida
Com vivacidade caminhamos nossa jornada
Com desejo a jornada se faz real
e o real que um dia foi sonho,
enfim, se faz vida
dentro de cada ser

Com carinho,
calor, fulgor,
vivacidade, desejo,
sonho e realidade
tracejamos os dias
tingido-os na cor
que se faz presente
no momento do agora

Abraços com carinho,
fulgor, vivacidade.....
(MariAne)

20 de nov. de 2012

Narnia


"O mal será bem quando Aslam chegar,
Ao seu rugido a dor fugirá,
Nos seus dentes o inverno morrerá,
Na sua juba a flor há de voltar"

(LEWIS, C.S. O Leão a Feiticeira e o Guarda-Roupa, 1982, p.73)
Imagem: google
Formatação: tintadotinteiro

10 de out. de 2012

Persistência


Sabia que você nasceu para vencer? 
É isso aí... 
Quando o Senhor te formou, 
ele mediu a tua paciência, 
Tua estrutura, o teu caráter, 
Tua coragem e o teu medo, 
A tua capacidade e o teu ânimo 
Teu desânimo... 
Toda força que há em ti,
 inclusive a tua limitação. 
ELE preparou a tua alma 
e o teu espírito para ser forte 
 e viver todas as circunstancias da vida, 
 por isso: 
ELE nunca viu fracasso em ti, 
sempre te achando capaz de realizar 
 e de conquistar. 
Trilhando sempre a tua trajetória, 
 teu caminho e tua história. 
Sabe por quê?
 Porque VOCÊ é um projeto de DEUS!

3 de out. de 2012

A pessoa muda

Imagem disponível no google

12 de set. de 2012

Há dias que sou assim


Ha dias que sou assim 
Duas de mim 
Guerreio em paz 
Ou tento ser audaz 
Há dias que me revolto 
Com esta que me seduz 
Que sonha, brinca e reluz 
A dor eu escondo, sufoco 
Há dias que sou assim 
Me fecho 
E faço um balanço do que me rege 
Bagunço as caixas que guardam memórias 
Remexo, cutuco minhas feridas 
Brigo comigo, tudo por dentro 
Estanque fico 
Emudeço 
Apago minha face 
Plastifico meu sorriso 
Há dias que sou assim 
Não compreendo 
Apenas vegeto 
Sem tempo preciso 
Pode ser uma hora, ou o ponteiro infinito 
Resgato dentre as cinzas 
A cor que um dia verteu 
Em lentos movimentos 
Remodelo meu SER EU... 
(MariAne 09/2012)

24 de ago. de 2012

Livros


Opinião

"Nossa opinião a respeito das pessoas depende menos daquilo que vemos nelas do que daquilo que elas nos fazem ver em nós mesmos". (Sara Grand)

Pai


"Não em lembro de nenhuma necessidade da infância tão grande quanto a necessidade da proteção de um PAI" (Sigmund Freud)

31 de jul. de 2012

Hoje acordei...


Hoje acordei com saudades
Saudades daquela que sonhei ser
Saudades dos sonhos encantados
Dos encantos rendados
Acordei com saudades da vida
Das cores
Dos amores que não tive
Acordei com fome e sede
Não alimento do corpo
Mas da alma
Hoje acordei com gosto de você
Desejo marcado em meus devaneios
Você imaginário do meu ser faltante
Que me envolve e me completa
Poeta
Que ouve até mesmo o que meus olhos confessam
Você que existe dentro de mim, desde os primeiros sonhos juvenis
Um cúmplice de todos os meus contos
Morador do meu mundo paralelo
Hoje acordei com saudades do que fui enquanto sonhava...
Apertou-me a garganta porque não tinha o teu nome a gritar
Tremeu meu corpo, porque não tinha o teu a me esquentar
E a lágrima verteu, lavando o sonho e acordando para a realidade
Embora que dentro de mim, sei que existe,
e não haverá nenhuma medida empírica que separe você de mim
Recolho-me em ti...

(MariAne 31.07.2012)

7 de jul. de 2012

CONVITE (8/8)

Venha! Venha escutar comigo
Modulações de primavera,
Clarinadas de alvorecer,
Sinfonias de amor!
 (Euclides C. da Silva, 1987)

CONVITE (7/8)



Venha comigo!
Eu tranquei a porta do Tempo
Que dá para a Noite,
E o Sol entrou em cheio
Dentro de minha vida!
(Euclides C. da Silva, 1987)

CONVITE (6/8)



Venha comigo!
Não fique com receio das nuvens do ocaso,
Porque a aurora me acompanha
Vinte e quatro horas por dia!
(Euclides C. da Silva, 1987)