"Há um momento em que é preciso abandonar as roupas usadas que já têm a forma do nosso corpo e esquecer os caminhos antigos que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia - e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos." (PESSOA, Fernando)

"Procuro despir-me do que aprendi. Procuro esquecer do modo de lembrar que me ensinaram. E raspar a tinta com que me pintaram os sentidos. Desencaixotar as minhas emoções verdadeiras. Desembrulhar-me e ser eu." (PESSOA, Fernando)

24 de jul. de 2010

Acordeom


A face rígida dá lugar ao sonhador olhar de menino, de brilho encantado e pensamentos soltos ao ar. A sonora melodia ameniza da vida suas flores, suas dores. Flashes de memória soam agora distantes ao que o tempo ceifou prematuramente. A postura exigida para manter o que já não mais tinha, tornou o amor catatônico num sorriso embotado socialmente exibido. Volta face de menino sonhador ao fitar o tão desejado acordeom. Embarca numa viagem mágica com ingresso só de entrada e embala a todos com sua melodia inventada.

É real, esta cena eu vi, senti e reti. Nítida transformação de quem apresentava-se sem esperança nem sonhos, para um rejuvelhecer da alma. A música, a arte tem este poder de magia eterna!

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