"Há um momento em que é preciso abandonar as roupas usadas que já têm a forma do nosso corpo e esquecer os caminhos antigos que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia - e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos." (PESSOA, Fernando)

"Procuro despir-me do que aprendi. Procuro esquecer do modo de lembrar que me ensinaram. E raspar a tinta com que me pintaram os sentidos. Desencaixotar as minhas emoções verdadeiras. Desembrulhar-me e ser eu." (PESSOA, Fernando)

12 de jul. de 2010

Volta...

A brisa gelada percorrendo meu dorso desnudo me desperta num arrepiar incontido. A cortina baila frente a janela entreaberta revelando a queda brusca de temperatura. Sozinha me encontro, mas sei que estivestes aqui. Não deixastes nenhum rastro visível, mas percebo o aroma amadeirado que toma conta do quarto e invade minhas narinas...

Volta sem demora, e quando o tempo lhe permitir, apareça no teu completo ser. Não temas, sei que mudei, já não sou mais a mesma que conheceste outrora, mas isto por certo não deverias te impressionar, afinal fostes tu meu maior incentivador . Venha e lhe mostrarei a mulher em que me transformei. Contarei-te meus sonhos, e partilharei contigo meus desejos. Por enquanto, apenas te espero...

3 comentários:

Helcio Maia disse...

Se ainda espera, é porque nem tudo mudou. Não ser a mesma é maravilhoso, significa evolução. Quanto à completude dom ser, todos desejamos isso.
Abraço.

Mariane disse...

Mui bem colocadas estas tuas palavras Helcio Maia!

António Amaral Tavares disse...

Texto impressionante e belo, já o disse no Facebook
Abraços

António