"Há um momento em que é preciso abandonar as roupas usadas que já têm a forma do nosso corpo e esquecer os caminhos antigos que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia - e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos." (PESSOA, Fernando)

"Procuro despir-me do que aprendi. Procuro esquecer do modo de lembrar que me ensinaram. E raspar a tinta com que me pintaram os sentidos. Desencaixotar as minhas emoções verdadeiras. Desembrulhar-me e ser eu." (PESSOA, Fernando)

8 de jul. de 2010

Quando Nietzsche chorou

Enquanto leio “Quando Nietzsche chorou”, é impossível ficar alheia as emoções e sentimentos que saltam de cada linha. Prendem-me a atenção e o respirar. É como se eu estivesse intercalando com os personagens em falas ou sentimentos, que por ora são minhas; mas em alguns instantes me parecem aterrorizadoras demais, embora tentadoras. Comecei a leitura tentando capturar a essência de cada personagem, estudar seus sentimentos, mas por fim acabei me mesclando a eles, e tenho dificuldade em separá-los de mim. Seus sentimentos e emoções, suas dores. O anseio pela terapia da fala; sem culpa, sem cobranças, sincera e pura. O desejo de estar no contexto e sentir-me percebida, ouvida. A confiança, esperança.

A leitura me hipnotiza de tal forma que meus pensamentos não se desligam, e em todo momento minhas mãos e meus olhos, buscam incansavelmente este bloco de papel impresso, com rico conteúdo a ser explorado, estudado, degustado. O que este livro pode me ensinar, onde posso crescer o que ele têm a me dizer? São as perguntas que faço, são os vazios que procuro preencher, são os sentimentos que quero compreender. Sim a vida lá fora segue, mas eu continuo dentro de mim, nesta busca incansável de compreensão...

Copmpartilhando pequenos fragmentos do livro:
[...] Com o tempo, eu lhe ensinarei como superar. Você quer voar, mas não se pode começar a voar, voando. Primeiro, tenho que lhe ensinar a andar, e o primeiro passo ao aprender a andar é entender que quem não obedece a si mesmo é regido por outros. É mais fácil, muito mais fácil obedecer a outro do que dirigir a si mesmo.
[...] é a importância de você não se deixar viver pela própria vida. Senão, chegara aos 40 sentindo que não viveu realmente. O que eu aprendi? Talvez a viver agora, de modo que, aos 50, não relembre arrependido os anos em que fui um quarentão. [...] Aprendi também, que temos de viver como se fôssemos livres. Ainda que não possamos escapar do destino, temos que enfrentá-lo de cabeça erguida... temos que desejar que nosso destino aconteça. Temos que amar nosso destino.


Quando Nietzsche chorou

2 comentários:

IT disse...

Mariane,

"Quando Nietzsche chorou"
Nos levam ao profundo autoconhecimento, além disso divagações. Fico a imaginar,como nós mortais, por vezes vivem e sofrem com seus conflitos interiores.Todos vivem em constante busca de si mesmo e muitas vezes ñ os encontram. Uns mais outros menos. Existem enes situações contundentes, muitas das quais presenciamos determina desde tenra infância.Conheço pessoas com QI elevadíssimo, simplesmente não sabem lidar com seus conflitos, se entregam totalmente, sofrem uma vida toda.
Não sei Mariane, é muito complexo o imaginário humano...Aí minha cara, assim como Nietzsche chorou, nós todos choramos mesmo! e, que bom que choramos, não é mesmo?..enfim, fala-se tb de nossas dores e medos mais íntimos...
Me lembro agora, para finalizar, a seguinte frase:
""Surpreendente as cores que damos às nossas dores..."
Abraços!

Mariane disse...

É Irlene, se até Nietzsche chorou porque nós teimamos em esconder nossas lágrimas?
Tudo faz parte do crescimento!
Beijos